segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Neolibelista perde o decoro e ataca Pochman

É que rico não deve pagar imposto...
publicado 01/10/2018
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O Conversa Afiada publica artigo de Paulo Feldman que expõe as vísceras ideológicas de um neolibelista que se notabiliza por ser "consultor" (sem que se saiba quem se consulta com ele, além da Fel-lha):
Há um problema que se repete no Brasil em vésperas de eleições: Trata-se da visão futebolística de que nosso time é o melhor e tudo que vem do adversário não presta. Este fato, aliado à intensa rivalidade existente entre PSDB e PT, é uma das causas da tragédia brasileira.
Ambos partidos já fizeram coisas muito boas pelo país —o Plano Real de FHC e a melhoria da renda dos mais pobres de Lula são exemplos inequívocos de que há coisas boas dos dois lados e que precisam ser mutuamente reconhecidas.
Além disso, não podemos esquecer que a qualidade mais importante que um bom economista deve apresentar é aceitar a contradição, pois a mesma está presente em quase todos aspectos que envolvem a teoria econômica.

Em economia raramente há uma única forma de se enxergar ou interpretar fatos. É isso que surpreende em Alexandre Schwartsman. Em seu artigo de quarta-feira (26) nesta Folha ele se põe a ofender Marcio Pochmann, professor da Unicamp, chamando-o de desonesto ao invés de se contrapor com bons argumentos ao que Marcio coloca.
Poucos contestam que um dos maiores problemas do Brasil é a péssima distribuição de renda. O que Marcio quis dizer, e certamente Alexandre entendeu, é que aumentando um pouco a alíquota paga pelas famílias muito ricas, já se conseguiria arrecadar o suficiente para cobrir praticamente todo o déficit primário de cerca de R$ 170 bilhões.
Segundo dados da Receita Federal, as 70 mil famílias (0,14 % do total) mais ricas do país pagam um imposto efetivo de apenas 6% da renda, enquanto a classe média paga 12%. Se os muito ricos passassem a pagar um imposto efetivo igual ao pago pela classe média, acabaríamos com o déficit primário. Simples assim.
Segundo Alexandre, a segunda mentira de Pochmann é com relação à evolução do endividamento. Como ex- diretor do Banco Central, Alexandre deveria consultar as informações e estatísticas desta instituição. Por ali fica muito claro o que Pochmann quis dizer: Sim, o endividamento cresceu —tanto bruto quanto o líquido— durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, mas a taxa de crescimento foi muito menor do que nestes dois últimos anos de Temer.
Alexandre se ressente por Marcio não ter dito qual o período em que o desemprego subiu? Ora, como um economista que tem obrigação de conhecer os dados da economia brasileira, ele deveria saber de cor que 8,4% foi no último ano de Dilma, e 11,7% foi no primeiro ano de Temer.
A última das quatro mentiras apontadas por Alexandre não somente se trata de pura verdade como é o que se faz necessário para o país voltar a crescer. Pochmann estima que haja um potencial arrecadatório de 1,5% do PIB (equivalente a R$ 120 bilhões) possível de ser conseguido com pequenas mudanças, como a da alíquota do IR e mudanças no imposto sobre heranças, hoje muito baixa —além de tratar-se de um imposto estadual.
Claro que discordar é natural e necessário, mas sem perder o decoro. E Alexandre perdeu o decoro ao ofender de forma grave um economista como Marcio Pochmann, que já foi presidente do Ipea, talvez o posto mais importante do país em termos de fórum para a discussão das grandes questões brasileiras.

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