segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Manifesto de espíritas progressistas por justiça, paz e democracia

por Franklin Félix publicado 24/09/2018 18h00, última modificação 25/09/2018 11h46
Mais um grupo social reafirma o #EleNão. Leia a íntegra do documento

Divulgação
Da força mais bruta,
da noite que assusta,
estamos na luta,
pra sobreviver”
Ivan Lins.
Por esse motivo, nos juntamos a outros/as religiosos/as, mulheres, negros/as, LGBT+, jovens, educadores, intelectuais, artistas e ao povo brasileiro, para dizermos em alto e bom tom: #EleNão, #EleNunca, #EleJamais.
#EleNāo porque seu discurso carregado de ódio, intolerância, misoginia, homofobia, racismo, vai em direção diametralmente oposta à mensagem do Cristo contida em seu Evangelho de amor, educação de nossos sentimentos à luz do amor incondicional por todos, sem discriminação, com respeito, sempre.
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#EleNão porque não se trata apenas de uma disputa entre direita e esquerda, de partidos políticos diferentes, de um pleito normal, mas se trata de questões capitais como a defesa dos preceitos democráticos (o Estado como mantenedor das garantias e direitos de cada cidadão e sua dignidade) para todos, não excluindo e isolando nenhum grupo, como o perigo iminente que se apresenta com a candidatura de Bolsonaro e pelos seus pensamentos desrespeitosos e intolerantes às mulheres, negros(as), LGBTs, indígenas. Por isso a sua candidatura é um real incentivo à  desagregação e segregação da sociedade brasileira, na medida em que o seu discurso fomenta ódio e a discriminação.
Como espíritas, acreditamos que o Brasil – e o mundo – atravessa um momento de profunda crise em diversos aspectos (migratória, representativa, ética, política, social, jurídica, humanitária, climática, cultural, econômica etc.) e cabe a nós contribuirmos, de maneira solidária, assertiva e contundente, para o restabelecimento da paz, da justiça, da fraternidade e do bem viver.
Nosso diagnóstico sobre a atual situação em que vivemos no Brasil é de que se trata de uma disputa entre forças democráticas e antidemocráticas, entre valores humanitários e ideias fascistas.
Vale lembrar que o espiritismo, doutrina fundada na França pelo educador Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, também foi perseguido e execrado, mesmo se baseando em princípios cristãos e humanitários (Livro dos Médiuns, item 350).
Em um dos episódios marcantes dessa triste perseguição, com a queima de livros espíritas em Barcelona em pleno século XIX, Kardec assegurou que se queimariam os livros, mas não se queimariam os espíritos, muito menos as ideias defendidas pela doutrina espírita.
Nesse sentido,  nós, espíritas abaixo-assinados, repudiamos candidaturas que reforçam o fascismo, que defendem medidas autoritárias e armamentistas e desprezam os direitos humanos e as liberdades; que alimentam atitudes preconceituosas e são favoráveis à tortura e à ditadura; que estimulam sentimentos odiosos de preconceito, racismo, menosprezo e rejeição às diferenças e desejam contrapor seus adversários políticos pela força física; que perseguem mulheres, LGBTs, negros/as, quilombolas, indígenas.
Por esse motivo, declaramos que essas posições não nos representam e não representam o espiritismo.
O espiritismo, não tendo chefes ou gurus, sendo uma ideia livre e aberta, não compactua com as tomadas de posição arbitrárias e antifraternas.
Consideramos todos/as como irmãos/ãs, com a mesma missão evolutiva na Terra, onde há espaço para a diversidade, a paz e a concórdia.
A exemplo de Jesus, que o temos como Mestre por excelência, é dever do espírita lutar pela justiça, pelo amor e pela caridade, assim como estar consciente da reencarnação como um processo pedagógico de aperfeiçoamento moral e social, sendo capaz de compreender a condição humana sob um prisma mais abrangente, profundo e profícuo.
A democracia, ainda que tolhida pelo poder econômico em todo o mundo, é um valor que buscamos, e todo pleito que represente a vontade popular tem que ser respeitado.
É necessário, no entanto, destacar que a candidatura de Jair Bolsonaro defende uma pauta não somente antirrepublicana, com diversas menções a perigosas alterações constitucionais que afrontam direitos e garantias fundamentais, e antidemocrática, recorrendo fartamente ao uso de ideias e práticas violentas e autoritárias, mas, sobretudo, é uma pauta anticivilizatória, incapaz de reconhecer importantes avanços obtidos ao longo dos séculos, podendo trazer graves prejuízos ao presente e ao futuro da sociedade brasileira.
Independentemente da orientação política de quem quer que seja, nós, espíritas, respeitamos a todos/as como irmãos da grande família humana, e por isso, uma vez mais, repudiamos a proposta da candidatura supracitada.

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