quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ASA POTIGUAR

GRUPO TEMÁTICO DE AGROBIODIVERSIDADE – ASA POTIGUAR
Nos dias 25 e 26 de Setembro, foi retomado o trabalho do Grupo Temático de Agrobiodiversidade da ASA Potiguar, que tem por finalidade dialogar com as temáticas das mudanças climáticas, desertificação, biodiversidade, agroecologia, matas ciliares, matriz energética, sementes crioulas, estoque de alimento humano e animal e água para a produção de alimentos, aglofloresta, entre outros, na perspectiva da agricultura familiar e campesina.
O intercâmbio aconteceu em dois municípios: Campina Grande e Casserengue/PB. Essa é a quarta vez que o grupo se reúne para discutir os temas de interesses dos agricultores/as. Um dos principais fatores dessa retomada foi o Projeto de Revitalização e Cultura da Palma Forrageira no semiárido.
A primeira visita foi ao INSA (Instituto Nacional do Semiárido). No primeiro momento fomos recebidos pelos Professores e Pesquisadores da Instituição, Jonas Duarte, Juscilene, Daniel Duarte, Salomão Medeiros e pelo Diretor Ignacio Salcedo.
Eles fizeram um resgate da caminhada, pedagogia, metodologia utilizada pela Instituição, bem como os acúmulos, desafios e conquistas. Na oportunidade tiveram presentes diversas entidades do Estado do Rio Grande do Norte, além de agricultores/as que participavam de um intercâmbio do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), termo executado pelo Centro Padre Pedro Neefs.
Durante toma manhã foram discutidos aspectos importantes sobre a palma, entre eles: o fortalecimento da proposta da palma forrageira como cultural nobre e de importância econômica; Produzir e repassar raquetes de palma resistentes a Cochoilha-do-Carmim para os produtores; Aumentar a segurança forrageira dos rebanhos; Identificar as variedades mais produtivas e adaptadas às condições edafoclimáticas de cada microrregião.
O professor Daniel destaca também a importância de procurar formas de convivência com o semiárido, segundo ele “a maioria das políticas que vieram para o semiárido, tinham o objetivo de mudar o clima, por isso não foram exitosas, porque não podemos mudar o clima, devemos mudar as pessoas do semiárido”. A discussão foi extremamente rica e trouxe para o debate elementos importantes que a ASA Potiguar poderá usar de reflexão e base para o êxito na execução dos objetivos do GT.
Em seguida os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o campo experimental do INSA, uma propriedade no qual é realizado na prática as pesquisas desenvolvidas pela instituição.  No local, podemos encontrar uma grande diversidade de cultivo de Palma, bem como uma serie de outras espécies de plantas, frutos e hortaliças. Fizemos também, uma visita a estação de tratamento e reuso de toda água usada no INSA, após o uso ela passa por alguns processos e é colocada em reservatórios que serve para irrigar uma área plantada de palma em consórcios com algumas espécies nativas.
Segundo o Diretor do INSA Ignacio Salcedo “é possível construir um semiárido melhor, através da União dos produtores, dos agricultores/as, e de todas as pessoas que estão trabalhando com a terra. Esperamos que após essa visita, todos possam absorver conhecimento e possam trabalhar em suas localidades”.
Além da visita ao INSA, fomos até a comunidade de Pedrinhas D’água, município de Casserengue localizado na microregião de Curimataú/PB. Por lá, tivemos a oportunidade de conhecer alguns guardiões e guardiães de sementes.
As sementes crioulas fazem parte do patrimônio de diversos povos que ao longo dos tempos vêm conservando, resgatando, selecionando e valorizando diferentes variedades, mantendo a agrobiodiversidade adaptada a cada região. Embora sejam centrais na manutenção de relativo grau de autonomia das famílias agricultoras, muito frequentemente essas práticas de conservação e desenvolvimento da agrobiodiversidade passam despercebidas aos olhos de gestores públicos responsáveis por conceber e implantar políticas e programas para a agricultura. Esse quadro, no entanto, vem mudando.
Atualmente, assim como iniciativas com sementes crioulas em outras regiões do Brasil, as atividades realizadas pelas famílias agricultoras com as sementes da paixão, como são conhecidas no estado da Paraíba, começam a ser reconhecidas e apoiadas por instituições, ONG’s, Igrejas, entre outros. Dentre elas, destaca-se o trabalho de resgate, seleção, conservação e multiplicação das sementes articulado à manutenção de estoques por meio de bancos familiares e comunitários.
A experiência positiva da Paraíba poderá servir de exemplo para o nosso Estado. Além da Palma o GT de Agrobiodiversidade viu a necessidade também de discutir o tema sementes, tendo em vista, que o Rio Grande do Norte comparado a outros estados, ainda não está totalmente articulado em relação ao tema.
A partir da visita e dos debates acerca desse assunto, serão feito agora questionários para que possamos identificar os guardiões e guardiães de sementes do nosso Estado. Após esse processo, será feito o diagnostico desses guardiões e o GT poderá conhecer e acompanhar mais de perto cada um deles.
É importante destacar que o GT de Agrobiodiversidade terá três funções importantes: Discutir e Implementar a importância do uso da Palma Forrageira para os agricultores/as, tendo em vista a sua importância na convivência com o semiárido; Detectar os guardiões/guardiães de sementes do estado e um terceiro elemento de muita importância que são as Casas de Sementes.
O GT é coordenado pelo Agrônomo Procopio Lucena, e conta com a participação de diversas entidades do Estado.  Para Edmundo um dos animadores do processo de formação do GT “o evento foi de extrema importância, tendo em vista as visitas que foram feitas, a ideia agora é continuar esse trabalho, para recuperar a questão de sementes do estado, mais com o apoio de todos, isso será possível”.
Ao termino da atividade, pode-se notar que todos os participantes tinham sido contemplados com as visitas e os debates, podendo colocar na sua bagagem de volta ao Estado do Rio Grande Norte, mais conhecimentos e muito mais vontade de dar continuidade a esse trabalho em todas as regiões do nosso Estado.


Adriano Oliveira – Comunicador Popular
Centro Padre Pedro Neefs


















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