Governo
Falta diálogo ao governo Dilma
A ausência de comunicação do governo com os trabalhadores preocupa o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Rafael Marques
por Redação
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publicado
01/03/2015 07:05
J.F. Diorio/Estadão Conteúdo
"Para justificar o alto custo do Estado brasileiro, é
preciso fazer o máximo pelos mais pobres.", diz o presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC filiado à CUT Rafael Marques
Em 16 de janeiro, uma greve de dez
dias organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC obteve uma
expressiva vitória: garantiu a readmissão de 800
funcionários dispensados pela Volkswagen no início do ano. Berço da
carreira política do ex-presidente Lula, o sindicato é liderado
atualmente por Rafael Marques, funcionário da Ford e filiado ao PT.
Apesar da proximidade com os quadros governistas, o sindicalista
incomodou-se com a forma como foi encaminhado o “pacote de maldades” do
ministro Joaquim Levy, que incluem mudanças relevantes em benefícios
trabalhistas, entre eles o seguro-desemprego, as pensões e o abono
salarial.
“Desde o ano passado, o então ministro da Fazenda, Guido
Mantega, nos alertava sobre a necessidade de mudanças nos benefícios
trabalhistas”, afirma. “Mas, da forma como foram encaminhadas, no
fechamento do mandato passado, nos puseram para correr atrás.” As
medidas de austeridade do governo estimularam os sindicatos vinculados à
Central Única dos Trabalhadores, historicamente ligada ao PT, a
engrossar os protestos sindicais de janeiro, embora com menor apetite
que integrantes da Força Sindical, liderada por Paulinho da Força,
aliado de Aécio Neves nas eleições de 2014.
Apesar de compreender os ajustes por causa da “difícil
conjuntura internacional”, Marques está preocupado com a falta de
comunicação do governo com os trabalhadores. “Os sindicatos e os
movimentos sociais precisam de sinais claros de que o diálogo não será
interrompido. Ninguém tem dúvidas de que será um ano complicado. Mas
precisamos pensar no longo prazo.” Marques confia na atuação de Miguel
Rossetto, secretário-geral da Presidência, para contrabalancear a
limitada sensibilidade social do Ministério da Fazenda.
Os trabalhadores das fábricas, diz, estão especialmente
incomodados com os aumentos salariais concedidos ao Judiciário em
dezembro. Segundo o sindicalista, a classe não pode ser responsável por
pagar a conta sozinha. “Para justificar o alto custo do Estado
brasileiro, é preciso fazer o máximo pelos mais pobres. Essa filosofia
implantada por Dilma e Lula não pode mudar.”
*É presidente do Sindicato dos Metalúgicos do ABC e filiado à CUT
*Publicado originalmente na edição 837 de CartaCapital, com o título "Falta Diálogo"
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