Maiores do que as torcidas e as bandeiras, as três ginastas que nos maravilharam pela coragem e excelência nas apresentações, nos elevam com a mensagem potente de respeito ao legado que compartilham como mulheres negras e como atletas submetidas à exigência de treinamentos e competições desde meninas.
“Ela é uma rainha”, justificou Biles sem perder a majestade, explicando que a ideia de se curvar diante de Rebeca partiu de Jordan ao ver um pódio só de mulheres negras. Não foi coincidência as três terem escolhido a rainha Beyoncé para inspirar as lindas apresentações de solo.
Rainhas como Beatriz Souza, a nossa compenetrada judoca, a primeira medalhista de ouro do Brasil na competição, que, aliás, merecia ser mais festejada. Serena na luta, Bia explodiu de emoção na vitória, o choro de alegria cortando a conversa com a família. “Mãe, deu certo, pai, eu consegui, foi pela avó, é pra vó, mãe”. A avó de Bia faleceu dois meses antes da competição.
Uma homenagem a gerações de mulheres negras que compartilham lutas com vitórias suadas, quase sempre invisíveis. “É inexplicável, uma das melhores coisas do mundo”, foram as primeiras palavras de Bia, ao se ver com a mão na medalha. Já com o ouro no peito, o recado: “Mulherada, pretas e pretos do mundo todo. É possível! Acreditem! A gente pensa que está pagando muito caro, mas vale a pena quando a gente consegue!”
É essa garra que mostrou o seu poder também na campanha da seleção de futebol feminina, que chega para jogar a final contra os Estados Unidos neste sábado (09), depois de enfrentar, em Paris, a descrença de colunistas e comentaristas (homens), que supervalorizaram a ausência da craque (com a expulsão de Marta, que a deixou fora dos jogos seguintes) e outros erros que elas souberam superar.
Mulheres aprendem porque ouvem e aceitam críticas, meninos. Chega de arrogância masculina. Realistas, temos a maturidade de Rayssa Leal, 16 anos, que, pressionada por um “ouro” no skate, disse, ao conquistar o 3° lugar: “Deu certo porque deu bronze”. Muito mais do que fadinha, Rayssa, obrigada! |
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