Isso porque a IA processa muito mais dados para cada resposta que envia do que, por exemplo, o algoritmo de busca do Google. Para se ter ideia, entre 2021 e 2022, quando a Microsoft abraçou a Open AI e outras ferramentas de IA, seu consumo de água aumentou em 34%. A sede por água é acompanhada pela demanda por energia – tanto que Sam Altman, CEO da Open AI, alertou para uma “crise econômica catastrófica” e anunciou um plano de investimento massivo em energia nuclear.
A corrida por novos Data Centers tem movimentado até o mercado imobiliário norte-americano. Vale ler este elogioso artigo do site americano Market Watch, por exemplo, descrevendo que as áreas mais “hot” do mercado imobiliário para comércio “não estão em Manhattan ou Miami. Em vez de hotéis elegantes ou torres de escritórios reluzentes, os novos queridinhos do setor são centros de dados, que consomem muita energia, frequentemente localizados em lugares como o norte da Virgínia; Columbus, Ohio; e Salt Lake City”. Especialistas consultados pelo site afirmam que há mais investimentos indo para Data Centers do que qualquer outro tipo de construções, como hotéis ou hospitais.
Com a necessidade de energia barata e muita água, é claro que os olhos se voltam para a América Latina, e em especial para o Brasil, que possui 12% da água doce do mundo e uma matriz energética considerada limpa. Abundam pela internet relatórios de mercado demonstrando como a América Latina é o local ideal para a construção dessas infraestruturas.
Chile, México e Brasil são pontos principais centros “devido às suas localizações estratégicas, infraestrutura robusta e políticas governamentais favoráveis”, como aponta este relatório da consultoria Helmi, que prevê que os investimentos devem quase dobrar antes do fim da década.
Nada disso ocorre sem um enorme impacto social e ambiental. No Uruguai, o Google planejava construir um Data Center em um terreno de 29 hectares em Montevidéu, mas protestos eclodiram na capital quando houve uma seca que durou meses. O projeto teve que ser reformulado pela empresa, incluindo refrigeração por ar e não por água, para ser aprovado. No Chile, um projeto de um novo Data Center em Cerrillos, área central do país, foi suspenso pela Justiça depois de protestos dos moradores locais. O projeto previa o uso de 169 litros de água por segundo.
Aos poucos, outras comunidades começam a questionar este uso dos recursos naturais para servir às sedentas máquinas de IA – que, claro, atendem muito mais a consumidores do norte global que às populações locais.
No estado mexicano de Querétaro, já há 10 Data Centers em funcionamento, e planos para outros 18, segundo Ana Valdivia, especialista em IA do Instuto para Internet da Universidade de Oxford disse ao site Mongabay. Um dos principais investidores é a Microsoft, que promete “acelerar a transformação digital do México” ao oferecer “para todas as organizações em todo o mundo, fornecendo acesso local a serviços em nuvem escaláveis, altamente disponíveis e resilientes”. |
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