Política
IBGE
Retomada lenta da economia barra crescimento do emprego
por Dimalice Nunes
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publicado
30/06/2017 12h12
Indicadores do mercado de trabalho encontraram a estabilidade, mas
aumento de vagas só ocorrerá com recuperação da atividade econômica
Wikemedia Commons
números divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam uma acomodação das taxas de desemprego.
Embora ainda altas - 13,8 milhões de brasileiros estão procurando
emprego - os indicadores teriam encontrado um espécie de ponto de
equilíbrio. A taxa de desocupação no último trimestre atingiu 13,3%.
“Os
números indicam estabilidade e um novo ponto de equilíbrio, mas com um
desemprego muito elevado e rendimentos achatados”, resume a economista Lucia Garcia, coordenadora do sistema de pesquisa de emprego e desemprego do Dieese. “A taxa de desocupação do IBGE cresceu de forma acelerada e agora varia pouco, mas num patamar muito elevado”, reforça.
Para
a especialista, é evidente a dificuldade de retração do desemprego, uma
vez que há redundância de trabalhadores no mercado e uma paralisia da economia.
“Teremos que conviver com um número alto de pessoas que não têm
oportunidade no mercado de trabalho”. Para ela, trata-se de um cenário
que ameaça o trabalhador - que tem medo de reivindicar direitos - e
derruba a renda.
A
massa de rendimento recebida pelas pessoas ocupadas foi estimada em R$
184,4 bilhões de reais de março a maio, estável tanto frente ao
trimestre de dezembro a fevereiro de 2017, quanto frente ao mesmo
trimestre do ano anterior. O rendimento médio também não sofreu
alteração em ambas as comparações e foi estimado em R$ 2.109.
Segundo o professor do programa de pós-graduação em Economia Política da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda a retomada econômica “ainda é uma ficção”
e o emprego só vai melhorar quando, e se, a economia engrenar. Segundo
ele, a falta de confiança e de instrumentos de incentivo à produção e a
instabilidade política nos torna "reféns da estagnação".
Para
Lacerda, a renda do trabalhador acumulou fortes quedas e quando se
estabilizou foi num patamar muito baixo. Segundo o professor, não há
elementos de melhora. "A renda baixa e o desemprego retroalimentam a
estagnação da economia e não há vetores para alavancá-la", explica.
Embora
os números indiquem uma acomodação dos indicadores do mercado de
trabalho, pelo menos dois fatores podem piorá-los: o avanços das
reformas do governo Temer - trabalhista e da Previdência - e uma piora do cenário econômico global. “Sob as condições atuais, o caminho é a estabilidade”, espera a economista Lucia Garcia.

Mercado informal
Foi
o mercado informal que sustentou a estabilidade da taxa de desemprego.
Enquanto o número de empregados com carteira de trabalho assinada caiu
1,4% no trimestre e 3,4% no ano, nos três meses encerrados em maio, a
categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho
chegou a 10,5
milhões, elevação de 2,2% em relação ao trimestre anterior e de 4,1%
ante o mesmo período de 2016, um adicional estimado em 409 mil pessoas.
“A
carteira de trabalho assinada vem há dois anos em um processo de queda.
Foram mais de 2,7 milhões de postos de trabalho, então apesar da
desaceleração da desocupação, fica claro que essas pessoas estão
migrando para a informalidade”, explicou o coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em coletiva de imprensa para a
apresentação dos dados.
A deterioração do mercado de trabalho brasileiro é o principal argumento do governo para o avanço de medidas que retiram direitos dos trabalhadores e flexibilizam as relações de trabalho. Nesta semana, o governo obteve nova vitória com a aprovação do texto da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Coincidentemente, os dados do IBGE foram divulgados no dia em que foi convocada a segunda greve geral contra as reformas do governo federal.
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