segunda-feira, 9 de outubro de 2023

 

Quando os abutres encomendam a carniça

Em apenas dois anos, até 2022, cerca de 1 trilhão de dólares teria saído do investimento na exploração e desenvolvimento de petróleo e gás a nível mundial.

Publicado em 05/10/2023

Na natureza existe uma espécie de pássaro, o abutre, que é um animal necrófago, ou seja, que se alimenta de animais mortos. Apresenta grande importância ecológica, sendo responsável por retirar carcaças do ambiente. No moderno capitalismo neoliberal, os humanos criaram uma sub-espécie: os fundos abutres, implacáveis em saciar sua sede por dinheiro, atacando empresas e até países. Mas esta subespécie evoluiu. Ela agora não espera pelos “cadáveres” da economia. Ela os cria.

 

Fundada em 1988, em Nova Iorque, a BlackRock Inc. se transformou no maior fundo de investimento do mundo, com US$ 8,5 trilhões em carteira, fazendo frete aos maiores bancos tradicionais, sendo inclusive classificado como “banco sombra ou paralelo”. Um poderio tão grande que pode, inclusive, levar ao colapso os sistema financeiro internacional, como escreve Michel Roberts no artigo “Escondendo-se nas sombras”.

E com esse poderio, BlackRock se tornou o líder das grandes finanças apátridas contra a indústria de energia convencional. A principal ferramenta é o conceito de governança ambiental, social e corporativa, (em inglês, Environmental, social, and corporate governance – ESG). BlackRock é membro fundador da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD) e é signatária do PRI da ONU – Princípios para Investimento Responsável, uma rede de investidores apoiada pela ONU.

Blackrock assinou a declaração do Vaticano de 2019 defendendo regimes de precificação de carbono. Em 2020, a BlackRock também se juntou à Climate Action 100, uma coligação de quase 400 gestores de investimentos que gerem 40 trilhões de dólares.

Larry Fink, fundador da BlackRock deu início a um desinvestimento colossal no setor global de petróleo e gás de tilhões de dólares.

Notavelmente, nesse mesmo ano, Fink foi nomeado para o Conselho de Curadores do distópico Fórum Econômico Mundial, o nexo corporativo e político da Agenda 2030 da ONU Carbono Zero. Em junho de 2019, o Fórum Econômico Mundial e as Nações Unidas assinaram um acordo estratégico quadro de parceria para acelerar a implementação da Agenda 2030.

Após isso, a BlackRock iniciou verdadeira perseguição chantagista, exigindo que as empresas divulguem um plano sobre como o seu modelo de negócio será compatível com uma economia líquida zero.

Em apenas dois anos, até 2022, cerca de 1 trilhão de dólares teria saído do investimento na exploração e desenvolvimento de petróleo e gás a nível mundial. A extração de petróleo é um negócio caro e o corte do investimento externo por parte da BlackRock e de outros investidores de Wall Street significa a morte lenta da indústria.

Ou seja, encomendou-se um cadáver gigantesco. Esses “bancos sombra”, também conhecidos como fundos abutres, não têm nenhuma regulamentação. Mas a capacidade de produzir carniça por onde passam é avassaladora. Muito além dos efeitos das mudanças climáticas.

Jornalismo AEPET

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