segunda-feira, 18 de setembro de 2023

ABRIMOS A CAIXA-PRETA DE BOLSONARO E ENCONTRAMOS UM SUSPEITO DO ASSASSINATO DE MARIELLE.

 

Olá, tudo bem? 

A história é, no mínimo, insólita: uma viagem de família para as praias caribenhas de Cancún levou a um incidente internacional que, anos depois, desaguou num esquema de fraude de vacinas contra a covid. O caso, que ficou escondido do público por mais de quatro anos, envolveu um suspeito de participar do assassinato de Marielle Franco, o ex-vereador e suplente de deputado federal Marcello Siciliano, e o militar e ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.

Tá passada? Vem comigo que te explico:

Graças à campanha financiada pelos Aliados da Pública, eu e vários repórteres da redação enviamos uma série de pedidos de informação para o Governo Federal. O objetivo era abrir a caixa-preta do governo Bolsonaro, fazendo pedidos sobre assuntos que haviam sido negados nos últimos anos.
Um deles foi respondido e revelou que a ida de Marcello Siciliano a Cancún, em julho de 2019, gerou um quiprocó internacional. Na época, ele estava entre os citados por arquitetar a execução de Marielle e, segundo os documentos, teve seu visto dos EUA suspenso por esse motivo. Com isso, não pode seguir viagem no México.
A primeira reportagem, escrita em parceria com o jornalista Jamil Chade, do UOL, mostrou como o advogado do político acionou o Itamaraty para tentar contornar a situação, sem sucesso. Também contamos que os documentos revelaram uma verdadeira operação "abafa" criada pelo governo Bolsonaro para evitar que o "assunto Marielle" gerasse ainda mais críticas internacionais à condução das investigações.
Na segunda reportagem, revelamos o nome de Siciliano, e que o incidente em Cancún acabaria disparando um novo escândalo. Ele aparece em uma conversa de Mauro Cid, ajudante de Bolsonaro, com o capitão da reserva e ex-candidato a deputado Ailton Barros. Segundo a investigação da Polícia Federal, Barros teria dito a Cid que Siciliano poderia ajudar a inserir os dados de vacinação no sistema de saúde do Rio de Janeiro.
Mas o que ele ganharia em troca?
As conversas mostram que ele estaria em busca de uma reunião com o cônsul dos EUA, justamente para liberar o visto que impediu sua entrada no México lá em 2019. Ou seja, a crise de 2019 teria impulsionado um esquema de falsificação de documentos em 2021 e que veio à tona agora, em 2023, no bojo de muitas acusações contra o faz-tudo do ex-presidente Bolsonaro.
Essa investigação, conduzida com o apoio dos Aliados da Pública, é o exemplo claro de como o governo Bolsonaro foi literalmente uma caixa-preta, da qual cada fio puxado revela outros tantos. E também é um exemplo do que o jornalismo independente é capaz de descobrir com a ajuda dos seus leitores. 

Ainda há muito mais fios soltos que queremos amarrar. Meus colegas e eu seguiremos atrás dos segredos que seguem guardados nessa caixa de pandora, mas precisamos do seu apoio para isso. Ajude a Pública a descobrir mais segredos que Bolsonaro e seus cúmplices querem esconder de você. Doe para o jornalismo que tem a coragem de investigar os poderosos 

 
QUERO SABER MAIS SEGREDOS DA CAIXA-PRETA DO BOLSONARO
Um abraço,

Bruno Fonseca
Chefe de redação e editor da Agência Pública

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