Padilha se deu mal ao apostar na direita e agora tenta limpar imagem. Por Luís Felipe Miguel
POR LUIS FELIPE MIGUEL
Imagino que o caminho preferencial seja asseptizar Marielle, transformá-la em algo como paladina do identitarismo liberal e da integração das periferias à sociedade de classes. Como costuma ocorrer – como foi feito com Martin Luther King, cuja visão anticapitalista hoje é quase esquecida, ou Nelson Mandela despido de sua militância revolucionária e transformado numa espécie de Madre Teresa ou Gandhi sul-africano.
Se é isso, porém, precisavam forçar a mão e chamar o Padilha?
Entende-se que seja um bom negócio para ele. A aposta que ele fez na
direita provou-se infrutífera, porque a direita que chegou ao poder é
tão tosca que não tem nenhum espaço para a cultura, nem para a mais
acanalhada. Ele está interessado em limpar a imagem. Mas era claro que o
nome de um cineasta tão desonesto intelectualmente causaria imediato
desconforto, provocaria reações e colocaria em xeque a credibilidade do
projeto.
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