terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Mãe-da-lua

O mãe-da-lua é uma ave da ordem Nyctibiiformes da família Nyctibiidae. Conhecido também como urutau, urutau-comum, urutágua, urutágo, Kúa-kúa e Uruvati (nomes indígenas - Mato Grosso).
O nome urutau é tupi e significa “ave fantasma”. Há uma crendice na Amazônia de que as penas da cauda do urutau protegeriam a castidade. Por isso, a mãe varre debaixo das redes das meninas com uma vassoura confeccionada com estas penas.
Conta uma famosa lenda boliviana, que na densa mata habitava a bela filha do cacique de certa tribo, enamorada por um jovem guerreiro da mesma tribo, a quem amava profundamente. Amava e era amada. Ao saber do romance, o pai da menina, enfurecido pelo ciúmes, usou suas artes mágicas e tomou a decisão de acabar com o namoro da maneira mais trágica: matar o pretendente. Ao sentir o desaparecimento de seu amado, a jovem índia entrou na selva para procurá-lo. Enorme foi sua surpresa ao perceber o terrível fato. Em estado de choque, voltou para casa e ameaçou contar tudo à comunidade. O velho pai, furioso, a transformou em uma ave noturna para que ninguém soubesse do acontecido. Porém, a voz da menina passou à ave. Por isso, durante as noites, ela sempre chora a morte de seu amado com um canto triste e melancólico.
No Peru, mais especificamente na amazônia peruana, o Nyctibius griseus é uma ave arraigada na mitologia dos povos indígenas , onde é conhecido como “Ayaymama”, pois seu canto também lembra uma criança exclamando “ai, ai, mama!”. A lenda peruana conta que um bebê foi abandonado por sua mãe na floresta para evitar que morresse por uma peste que já havia dizimado todo o povo. Ele então se transformou em uma ave, que todas as noites lamenta por sua mãe.
Há muita superstição em torno dessa ave. Algumas pessoas, por desconhecimento acabam por rejeitá-la com medo de mau agouro ou má sorte. Infelizmente, por esse motivo, muitas solicitam o seu recolhimento pela Polícia Ambiental que acaba depositando-as em centros de triagem.
No Brasil, associa-se o canto do Urutau à lenda do Curupira:
O curupira é um anão forte e ágil de cabelos ruivos, presente nas lendas do folclore brasileiro. A lenda do curupira diz que ele é o protetor das florestas, que mora na mata e vive fazendo travessuras. Uma das principais características do curupira é possuir pés virados para trás. Dessa forma, ao caminhar, o curupira consegue enganar alguém que pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária.

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) nux = noite; e bios = vida; nuktibios = aquele que se alimenta na noite; e do (latim) griseus = acinzentado, cinza. ⇒ (Pássaro) cinza que se alimenta a noite.

Características

O mãe-da-lua possui uma adaptação única em aves, chamada de "olho mágico". São duas fendas na pálpebra superior, as quais permitem que fique imóvel por longos períodos, observando os arredores, mesmo de olhos fechados.
Mede entre 33 e 38 centímetros de comprimento e pesam entre 145 e 202 gramas. (Cohn-Haft, 1999).
Segundo Cleere (1998), o mãe-da-lua apresenta indivíduos com plumagens de colorações distintas, estas plumagens são conhecidas como fase cinza e fase marrom.
Adultos na fase cinza apresentam fronte, coroa e nuca com a coloração castanho acinzentada amplamente rajado de castanho-escuro. O dorso é castanho acinzentado, com manchas e estrias marrom escuro. Os ombros são marrom acinzentados com estrias e manchas esbranquiçadas, listras e estrias marrom escuro. O uropígio é marrom acinzentado salpicado com marrom, com listras e manchado de castanho-escuro. As retrizes são marrons, amplamente barradas de castanho acinzentado ou branco acinzentado. Rêmiges primárias de cor marrom, manchadas de marrom acinzentado ao longo das bordas exteriores, e ligeiramente manchada ou barrada de castanho acinzentado ao longo das bordas interiores. Rêmiges secundarias são marrom, com barras marrom acinzentado.
Lores e auriculares cinza pálido, raiado de castanho escuro. Queixo e garganta cinza amarronzado pálido, com listras marrons finas, e limitada por uma listra na lateral da garganta de coloração escura. Peito e flancos castanho acinzentado, salpicado de marrom, com listras finas e manchas castanho escuras. Ventre e penas infracaudais de coloração bege, muitas vezes pardacento ou tingido de canela, salpicado e vermiculado de marrom e finamente raiado de castanho escuro.
As íris são amarelas, o bico é preto ou enegrecido e os tarsos e pés podem ser amarronzados, pardos ou ainda cinzentos. Ambos os sexos apresentam plumagem semelhante
Adultos na fase marrom apresentam o mesmo padrão de cor dos adultos na fase cinza, mas a cor de fundo da plumagem é amarronzada ou mesmo marrom acastanhada.
Os imaturo da espécie são semelhante ao adulto, mas apresentam a plumagem mais pálida e mais esbranquiçados.
Os juvenis da espécie são semelhante ao imaturo, porém são mais esbranquiçados, e manchados de castanho escuro ao longo dos ombros.
Os filhotes, logo após a eclosão dos ovos são cobertos com uma plumagem branca com tons rosados nas partes superiores e apresentam fino barrado cinza escuro.

mãe-da-lua adulto

mãe-da-lua jovem

Subespécies

Possui duas subespécies:
  • Nyctibius griseus griseus (Gmelin, 1789) ocorre da Colômbia até as Guianas, nas Ilhas de Trinidad e Tobago, no Brasil e no Norte da Argentina;
  • Nyctibius griseus panamensis (Ridgway, 1912) ocorre da Nicarágua e Sudoeste da Costa Rica até o Noroeste da Venezuela e Oeste do Equador.
(Clements checklist, 2014).

Alimentação

Alimenta-se de insetos noturnos, em especial de grandes mariposas, cupins e besouros, os quais caça em voo.

mãe-da-lua se alimentando

Reprodução

Põe um ovo, em cavidades de tocos ou galhos, a poucos metros acima do solo, incubando-o por cerca de 33 dias. O filhote permanece no ninho em torno de 7 semanas.

Casal de mãe-da-lua

Ninho de mãe-da-lua

Ovo de mãe-da-lua

Filhote de mãe-da-lua

Hábitos

Comum em bordas de florestas, campos com árvores e cerrados. Ainda que tenha o hábito de pousar em locais abertos, permanece disfarçado, sendo facilmente confundido com um galho. Tem o hábito de cantar à noite.

Bando de mãe-da-lua

Distribuição Geográfica

Presente localmente em todo o Brasil, inclusive dentro de cidades, em áreas bem arborizadas. Encontrado também da Costa Rica à Bolívia, Argentina e Uruguai.

  Ocorrências registradas no WikiAves

Referências

Consulta bibliográfica sobre as subespécies:
  • CLEMENTS, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan, and C. L.. The Clements checklist of Birds of the World: Version 6.9; Cornell: Cornell University Press, 2014.
  • ITIS - Integrated Taxonomic Information System (2015); Smithsonian Institution; Washington, DC.
  • del Hoyo, J.; et al., (2014). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.
  • Avibase - The World Bird Database - http://avibase.bsc-eoc.org/species.jsp?avibaseid=7333ADB3332EB885 - Acesso em 28/01/2014.

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