domingo, 14 de fevereiro de 2021

 

Villas Bôas admite ter consultado ministros e elaborado tuíte ainda mais incendiário sobre Lula

Em abril de 2018, quando ameaçou o STF para não soltar Lula na véspera do julgamento de um habeas corpus, o general chegou a formular uma mensagem ainda mais incendiária, mas foi contido por ministros do governo Bolsonaro, consultados por ele

Bolsonaro batendo continência para general Villas Bôas
Bolsonaro batendo continência para general Villas Bôas (Foto: Divulgação)
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247 No livro em que revela que as mensagens publicadas no Twitter na véspera do julgamento sobre eventual soltura do ex-presidente Lula no STF foi articulada pelo Alto Comando do Exército, praticamente admitindo o teor militar do golpe contra Dilma Rousseff e posteriormente Lula, o general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, também admitiu que o teor do conteúdo que ele iria postar era ainda mais incendiário.

Antes da publicação, Villas Bôas chegou a consultar ministros do governo Bolsonaro, mas foi apaziguado por eles, relata reportagem da Folha de S.Paulo deste domingo (14).

Os ministros eram o então ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, Fernando Azevedo, atual chefe da pasta, Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria de Governo, e o atual chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto. Outros também foram acionados, como o general da reserva Alberto Mendes Cardoso, conhecida voz moderada, e outros generais quatro estrelas.

De acordo com o livro, que será publicado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e que traz uma entrevista concedida pelo general ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019, todos esses ministros trabalharam para evitar referências abertas à intenção de interferir nas instituições de poder. Villas Bôas aderiu às sugestões.

Mais duas revelações

O livro recém-lançado revela ainda dois fatos de extrema gravidade. Primeiro, o ex-comandante reitera não se arrepender do gesto. Segundo, ele admite o crescimento, dentro do Exército, do apoio a Jair Bolsonaro e a aversão crescente à esquerda brasileira, demonstrando um claro quadro de alinhamento político nas Forças Armadas.

Em abril de 2018, Villas Bôas buscou pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para que decidisse contra um habeas corpus levantado pela defesa de Lula, que poderia resultar na soltura do ex-presidente. Faltando dois dias para o julgamento, o general postou o seguinte no Twitter: 

“Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais? Asseguro à nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.

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